sábado, 21 de fevereiro de 2009

21/02/09

Mesmo estando muito triste, tão triste a ponto de não conseguir escrever, que é algo que faço quando não estou feliz e nem alegre, e meu estado é preocupante, pois a tristeza que se instalou no meu coração e vem me perseguindo ultimamente é diferente de tudo que senti... Antes eu conseguia me controlar quando estava excecutando alguma tarefa. Mas agora ela tomou conta, tenho sido apenas um corpo em movimento, sem vida... assistindo os dias iniciarem e terminarem... e lá está ela, presente e imponente.
Sinto tanto medo que nunca mais conseguir me encontrar de novo e desta forma não merecer o TT... Passei tanto tempo vivendo como alguém que desconhecia a si mesmo. E agora depois de ter me encontrado e gostado disto, é angustiante esta sensação de perda, desencontro... tudo no automático, sem brilho, sem cor, sem vontade... Tenho me esforçado, mas está sendo penoso para mim, principalmente por envolver e trazer estragos ao meu TT Doçura.
Estou triste demais e estes dias de atestado até que serviram para que eu pudesse exteriorizar a dor que trago no peito sem envolver terceiros, até porque eu não converso com ninguém sobre meus sentimentos. pelo quanto tenho sofrido, apenas sabem que a minha apatia vem do rompimento de um relacionamento. Embora eu tenha o carinho de alguns colegas mais próximos e a certeza que realmente poderia confiar neles, acho melhor não envolvê-los.
Em casa conversei com as pessoas com quem resido, expliquei que meu comportamento e isolamento não tem nada a ver com eles, que ninguém é responsável pelos meus problemas e que por favor não ficassem fazendo perguntas, já fui pedindo desculpas pelas grosserias, que bastava me deixarem quieta no meu canto que evitariamos maiores problemas (na prática não tem funcionado muito bem, mas...). E pedi também que se quisessem me ajudar poderiam fazer isto atravez de orações e que não queria que tivessem pena ao ver o estado em que me encontro.
Até então, a única coisa que fazia muito bem eram meus encontros com o TT Doçura... Para ter forças até nossa reconciliação, estes momentos me fortaleciam, mesmo sabendo que não passariam disto. Eu conseguia ser a DD Ternura amando o TT Doçura. Então qualquer outra coisa que eu faça sem ele (como sendo meu novamente) não tem cor, não tem graça e é triste o tempo todo. Uma saudade sabe torturar...
Sem o meu Amor os meus dias são vazios e deprimentes. Junto dele, seja como for; me reencontro, tomo de volta as rédeas da vida que ele me deu, me completo, me realizo, retorno a ver sentido nas coisas. Mas existe em minha vida atual (aliás, nos dias que assisto iniciar e terminar) uma "Zona Neutra". E só encontrei este lugar porque o meu TT Doçura acreditou em mim e me incentivou muito: este lugar neutro é a faculdade!
Por isso também é que mesmo estando ainda com a tala no pé, eu fiz questão de assistir as primeiras aulas do sementre. E valeu a pena ir me arrastando e levando o dobro do tempo para percorrer o caminho de ida e volta. Obrigada ao meu Amor, ao meu Anjo Realizador!
Então, durante a aula de Filosofia o professor comentou brevemente sobre a metáfora do milho pipoca e resumiu a questão dizendo: "__ Só existe transformação atraves do poder do fogo".
E naquele momento pensei em nossas vidas, em tudo que vivemos juntos, dos acontecimentos bons e ruins e nas mudanças que estes fatores trouxeram para cada um de nós. Nada é por acaso, por mais insignificante, bárbaro ou doloroso... Tudo tem um motivo. E apesar deste sofrer, eu quero ser a pipoca que estoura e não a piruá que vai parar no lixo. Veio como um alento as minhas angústias.
Me chamou tanta atenção que eu fui atrás da história toda que ele desenvolveu metaforicamente. O texto vale ser lido na íntegra, é incrível. Talvez alguém diga que não precisa que outra pessoa fale algo que está cansado de saber... Só que as vezes saber não significa necessariamente aplicar isto na vida.


Rubem Alves


Trechos do artigo " A Pipoca" de Rubem Alves

" Escrevi como filósofo, poeta, psicanalista e teólogo — porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento. Nunca imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu. Dias atrás, conversando com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas idéias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas. Lembrei-me que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a idéia de debulhar as espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa — voltar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressãosofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: PUF!! — e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para ser de outro. "Morre e transforma-te!" — dizia Goethe.
Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o seu medo são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo. Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira..."Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que aconteceu".

O texto acima foi extraído do jornal "Correio Popular", de Campinas (SP), onde o escritor mantém coluna bissemanal.

Rubem Alves: tudo sobre sua vida e sua obra em "Biografias".
E AINDA:
O TT tem uma importância enorme em minha vida, por isto e por amá-lo incondicionalmente, depois de tudo que fiz; é que tenho lutado de todas as maneiras para tentar mostrar isso a ele, que só faz o bem para mim. É impossível não pensar nele... Inclusive, na mesma aula de filosofia também foi abordado o assunto de "mudanças" e usado o exemplo do livro: "Quem mexeu no meu queijo", livros este que o TT me deu para ler na ocasião em que haveria a troca de empresa tercerizada para assum ir a loja da BRT, num momento em que eu estava apreensiva, amedrontada e relutante. Me ajudou muito. Como sempre!
E na Aula de Teoria Geral do Processo, o professor indicou ler o conto e assistir ao mesmo filme que o TT me indicou para assistir no cinema: a história de Benjamin...". Agora alguém me diz, como não amar tanto alguém tão especial que acrescenta tanto em minha vida em pequenas ações e atitudes... embora sejam incontáveis as grandes. Eu amo o TT Doçura.
Que Deus proteja e ampare o meu amor e amenize suas dores e incertezas, enchendo seu coração de luz e amor. E que Dus me ajude a ter forças e coragem para terminar "as minhas confissões" . A tarefa não é nada fácil como ingenuamente imaginei. Mas para limpar uma ferida, seja com água oxigenada e depois mertiolate, sempre ferve e arde um pouco, mas depois da limpeza tudo melhora e as vezes as cicatrizes se tornam apenas uma antiga lembrança...

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