quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

TT Doçura,

Estava recordando o espetáculo Hamlet no Teatro São Pedro... Foi bárbaro. Eu fiquei encantada. Tu teve a idéia de passear despretenciosamente pelo andar dos camarotes, embora nossos ingressos fossem para a platéia baixa. Nós assistimos este "ESPETÁCULO" em lugar privilegiado e confortável, além de ficarmos sozinho no camarote... Deu para beijar muito... e se assanhar mais ainda.

Sei que pensaria lendo isso que fui eu que estraguei tudo, que não adianta reclamar. Sei que não tens culpa, mas eu preciso expressar o que sinto, mesmo tendo errado, o meu amor e vontade de estar contigo permanecem latentes.

Obrigada por abrir meus horizontes... Eu te amo meu raio de sol.

Hamlet

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Hamlet e Ofélia
Hamlet, príncipe da Dinamarca, peça escrita provavelmente em 1600/2, é seguramente a tragédia de Shakespeare mais representada em todos os tempos e a que mais se prestou a interpretações de toda ordem. Praticamente todos os escritores e pensadores importantes nos últimos quatro séculos deixaram suas impressões sobre o impacto que lhes causou a história do infeliz príncipe da Dinamarca, constrangido a fazer, sem nenhuma vocação para tal, uma terrível vingança.

Estrutura e inspiração

Estrutural e tecnicamente, Hamlet é a peça mais longa escrita por Shakespeare (4.042 linhas com 29.551 palavras, 73% delas em verso e 27% em prosa) e, provavelmente, a que mais lhe deu trabalho. Supõe-se inclusive a existência de um esboço original que teria sido alinhavado uns dez ou 12 anos antes da sua conclusão, ali por 1588. Texto que os críticos denominaram de Ur-Hamlet (um primeiro Hamlet). Isso porém são especulações, pois a influência mais direta sobre ele veio mesmo da peça The Spanish Tragedie,

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O castelo de Elsenor, palco da tragédia
Uma Tragédia Espanhola, de um autor de menor importância chamado Thomas Kyd, que a encenou possivelmente em 1590. Não seria a primeira vez na história cultural, nem a última, em que um traço tosco qualquer servisse como chispa para que alguém de talento ou gênio empolgue-se fazendo dele maravilhas.

A história de Hamlet

A fonte original da história do príncipe dinamarquês encontrou-se na Gesta Danorum, obra de Saxo Gramaticus, (1150-1206), escrita em latim mas que recebeu o título de Danish History, na edição inglesa de 1514. A versão que chegou às mãos de Shakespeare é de se supor tenha sido a de Belleforest, intitulada de Histoires Tragiques, de 1570. Coube ao bardo alterar alguns aspectos do enredo e os nomes originais dos personagens. No Hamlet de Shakespeare, por exemplo, Fergon, o rei criminoso que mata o irmão para ficar com o trono e a cunhada chama-se Cláudio; o rei morto Horwendil passou a ser Hamlet-pai, enquanto a rainha Gerutha tornou-se simplesmente Gertudres. Amleth, o filho vingador, foi regrafado como Hamlet (o mesmo nome que Shakespeare deu ao seu filho Hamnet, que morreu na infância). Tudo indica que a tragédia, que se passa no castelo de Elsenor, na Dinamarca, era muito popular entre os escandinavos em geral, havendo uma série de lendas dela derivada. Acredita-se que mesmo na época de Shakespeare, uma versão alemã da tragédia do príncipe dinamarquês corria encenada pela Europa.

Os personagens

Além de Hamlet, fingindo-se boa parte do tempo de louco - e que domina a peça do princípio ao fim como uma estrela lúgubre, sempre trajando preto, demonstrando o luto como um desagrado moral - está o seu rival, o tio Cláudio. Este teria assassinado o pai de Hamlet por meio de um estratagema covarde ( Cláudio pingou gotas de um funesto licor no ouvido do rei Hamlet enquanto este dormia num banco de um jardim no castelo de Elsenor). Havia pois algo de podre no Reino da Dinamarca!

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Hamlet depara-se com a caveira
Em meio a esses dois leões que vão nutrindo, um pelo outro, um ódio crescente ao longo da história, tentando ser um algodão entre os cristais, está a rainha Gertudres, mãe de Hamlet, e também Polônio, o ministro da casa. Polônio não só é o típico cortesão que pretende acomodar tudo, como também é o pai da jovem Ofélia, a frágil prometida de Hamlet. Ele também tem um filho, Laertes, estudante como Hamlet, que mais tarde, cabalado por Cláudio, vai querer vingar a morte do pai, pois o desastrado Polônio terminara, por engano, mortalmente estocado por Hamlet ao esconder-se atrás de uma cortina no quarto da Rainha Gertrudes. Ao redor desses personagens centrais, circulam outros de menor expressão como Rosencrantz e Guildenstern, ex-colegas de Hamlet que também são aliciados na trama por Cláudio.

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Um final terrível

Depois de peripécias mil, Hamlet, no ato final, vê-se desafiado para um duelo de espada por Laertes. O jovem, devidamente instrumentalizado por Cláudio, que lhe insuflou o desejo de vingança, ainda aceitou participar de uma perfídia. Sabendo ser Hamlet um bom espadachim, deixou-se convencer, pelo rei

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A morte de Hamlet
criminoso, em embeber com mortal veneno a lâmina da sua espada. Garantia-se assim de que o príncipe não sairia vivo do recinto da corte, fosse qual fosse o resultado da peleja. O desfecho, porém, foi tétrico. Deu-se uma sucessão avassaladora de mortes. A sala da corte do rei Cláudio tornou-se o sepulcro da dinastia dos Hamlet. Ferido de morte por uma estocada de Hamlet, Laertes, agonizante, revelou-lhe o plano monstruoso do tio. O príncipe, àquela altura, trazia no sangue a poção maligna, pois Laertes o atingira de raspão.

Espadas e venenos

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O espectro do pai exige que o filho o vingue
Não querendo entregar-se à morte, que já lhe anuviava a mente, antes de poder cumprir com a vingança final, Hamlet concentra sua forças para, num só golpe, prostrar o rei Cláudio. Este morre na hora. A rainha Gertrudes, por sua vez, desconhecendo a segunda armadilha que o rei preparara para o seu filho, emborca num gesto só uma taça envenenada que o marido deixara de reserva sobre uma bandeja. Sofre uma síncope instantânea. A cena é brutal. Corpos jazem por todos lados. Laertes e Cláudio, sangram até a morte trespassados pela lâmina de Hamlet, enquanto esse e a rainha sua mãe contraem-se empeçonhados.

Nesse momento, eis que surge o jovem Fortimbrás, o novo rei da Dinamarca que viera reclamar o trono (o pai de Fortimbrás vira-se usurpado pelo rei Hamlet). Contemplando o horrível quadro, ele compreende que a justiça final fora feita. A ordem voltara a imperar no Reino da Dinamarca. Purificava-se o trono. A podridão de cercava o reino fora removida.

O Hamlet de Goethe

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Hamlet mata Polônio
Goethe, por exemplo, (Os anos de aprendizagem de Wilhelm Meister, livro IV, cap. 3 e 13), registrou que a verdadeira tragédia de Hamlet, ou que pelo menos mais o tocou, a ele Goethe, deu-se pela súbita ruína que acometeu aquele jovem na sua até então vida segura e de aparente bom convívio familiar. Num repente, com a súbita aparição do espectro do pai, deu-se um terremoto na vida dele. Sofreu desmoronamento total da confiança na ordem ética que era representada pelo elo que o ligava aos pais, os quais amava e honrava, e que rompera-se de uma maneira tão horrenda ao descobrir a sordidez que envolvia a morte do pai e o repentino casamento da sua mãe, a rainha Gertrudes.

Era Hamlet, para ele, um jovem terno, sensível, que procurava o mais elevado caminho ideal. Modesto, mas com insuficiente força interior, vê-se num repente diante da necessidade de: "uma grande ação" que lhe "é imposta a uma alma que não está em condições de realizá-la."....."um ser belo ...que sucumbe sob a carga que não pode carregar sem a jogar para longe de si." Tornou-se uma espécie de paradigma involuntário do intelectual, pois quase sempre suas ações eram paralisadas pela exuberante atividade do seu pensamento.

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